segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A Construção da Memória dos Expedicionários de Mogi das Cruzes Através de Periódicos

Trabalho de Conclusão de Curso
Orientado: Alex Meusburger
Orientador: Prof. Dr. Everaldo de Oliveira Andrade

Resumo:
Trabalho que propõe o estudo da construção da memória sobre os expedicionários de Mogi Das Cruzes, tendo em vista a postura da imprensa local diante da eminência de entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial e do movimento expedicionário brasileiro, bem como sua atuação e retorno ao Brasil, em período que abrange de 1939 a 1945. Buscando evidenciar como, essa postura midiática, forjou o imaginário e memória dos habitantes de Mogi das Cruzes e do Alto Tietê acerca do tema, uma vez que vinculava e supervalorizava a história local e pessoal dos habitantes e expedicionários a acontecimentos e decisões de ordem nacional e mundial – a própria Guerra e políticas empreendidas na mesma –, denotando postura que se assemelha a “bairrista”.
Para tanto, são usados os periódicos A Gazeta de Mogy e O Liberal, que tinham grande circulação na Mogi das Cruzes das décadas de 1930 a 1950 e grande aceitação diante da sociedade.

Palavras-chave: Memória, Periódico, Mogi das Cruzes, Guerra Mundial, Expedicionário.

A Construção da Memória dos Expedicionários de Mogi das Cruzes Através de Periódicos

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Escola dos Annales - Uma Análise

A primeira geração dos Annales

Bloch e Febvre, alunos da Éscole Normale superiore, com influencias de Durkhein quanto a interdisciplinaridade propiciada por Estrasburgo, foram os fundadores do pensamento que romperia com a Historia política e dos eventos, dos reis, das guerras e etc. Burke(1991) chamava de “antigo regime da historiografia”. Para Febvre a Historia problema era o objetivo, ou seja, se não há problema não há historia, com isso começava a historia das hipóteses, da problemática, não automática, que além de se fazer dos textos procurava auxilio dos conhecimentos vizinhos com a interdisciplinaridade. Importante não foi somente deixar o auxilio somente do documento escrito, mas também, da historia dirigida ao homem, ou seja, a historia para alcançar o homem não mais das coisas ou dos conceitos.
Nessa nova concepção o homem era o objeto de estudo, tomados com sentido mais amplo, não apenas os textos escritos mas quaisquer tipo de documento e sobretudo o auxilio das outras disciplinas( chamada também de ciências auxiliares ). No entanto, ainda que com mais ferramentas para buscar uma pesquisa do passado, a intenção de Bloch e Febvre e os demais historiadores da época iria além, também foi rompido o pensamento de “historia passado”, ou seja, a Historia é o estudo do passado mas não o passado em si, o presente e o passado são construções apenas do historiador. O passado não pode ser modificado mas o conhecimento do passado é algo que se transforma e se aperfeiçoa.
A historia chega nessa geração ao sentido mais amplo, buscando um resgate do homem sem deixar a preocupação do pensamento da historia problema e geradora de hipóteses, onde também é importante lembrar, a historia como estudo do passado e não sendo o passado. Ainda que não seja creditado a criação do método das interdisciplinaridades a escola dos Annales é a seus decorrentes que essa se consolidara no campo da historia.


A Segunda Geração dos Annales

A “Segunda Geração dos Annales” tem como protagonista Fernand Braudel, que sucedeu Febvre como diretor efetivo da revista. Para Braudel, a contribuição do historiador às ciências sociais é a consciência de que todas as “estruturas” estão sujeitas a mudanças, sendo estas mudanças em um curto espaço de tempo ou a longo prazo. Desejava, portanto, ver e analisar as fontes e coisas de forma “macro”, em sua totalidade, por isso encarava com impaciência quais quer tipos de fronteira sejam de regiões, conceitos ou ciências.

Durante a Segunda Guerra Mundial, Braudel, que fora feito prisioneiro, escreve sua tese. Seus rascunhos eram remetidos para Febvre, de quem recebeu forte influência, que o direcionou para um ramo geo-histórico. Abre então a abordagem deste paradigma (com esta influência) em sua obra intitulada “O Mediterrâneo e Felipe II”, publicada em 1949.
De grande dimensão, sua obra foi dividida em três partes, cada qual exemplificando uma diferente abordagem do passado: primeiro, uma história “quase sem tempo”, estipulada pela relação entre “homem” e “ambiente”; segundo, a “história mutante” presente nas estruturas econômicas, sociais e políticas e, terceiro, a “história dos acontecimentos” (a parte mais tradicional), corresponderia à idéia original de uma tese sobre a política exterior de Felipe II.
Divide o tempo histórico em: geográfico, social e individual, evidenciando a “longa duração”. Nesse período a “história das mentalidades” foi, de certa forma, marginalizada, tanto por Braudel, que não tinha interesse por ela, quanto por um número grande de historiadores franceses que acreditava serem a “história social” e a “história econômica” mais importantes que outros aspectos do passado, alem disto a nova abordagem quantitativa não encontrava no “estudo das mentalidades” a mesma sustentação oferecida pela estrutura sócio-econômica.


A Terceira Geração dos Annales, “História Nova”

Continuando com a “revolução do paradigma historiográfico” proporcionada pelas gerações anteriores de escola dos Annales, a terceira geração vai evoluir e aplicar conceitos desenvolvidos nas gerações de Febvre e Braudel, tais como: tempo histórico de longa duração e uma historia com apoio das ciências sociais.
Esse novo paradigma vai ser discutido primeiramente em Faire de l’histoire obra de Lê Goff e Nora de 1974, e posteriormente na obra coletiva La Nouvelle Histoire em 1978. Ambas as obras vão falar deste novo paradigma historiográfico de influência marxista (Nora e outros autores) obtendo apoio das ciências sociais, sobretudo da antropologia.
Serão discutidos novamente temas como a construção de uma história problema, tentando distanciar-se da história narrativa tradicional. Isso vai ser feito através de novos tema de pesquisa, tais como: história da vida privada, do medo, da morte, das mentalidades, etc.
Para o desenvolvimento desses temas os historiadores da terceira geração dos Annales vão buscar apoio na sociologia, antropologia e até na psicanálise!
Nessa geração também foi discutida a desestruturação dos documentos, para que esses novos temas possam ser desenvolvidos. Não existe uma ênfase no trabalho com documentos escritos, nesse novo modelo tudo é fonte histórica, destaca-se a história oral.
Além disto, nessa geração, o conceito de tempo de longa duração ou “tempo das mentalidades” elaborado por Braudel, vai ser amplamente aplicado, referente ao interesse dos historiadores pela nova antropologia histórica. Sobretudo entre os medievalistas e modernistas.
Autores como François Dosse, vão Criticar o paradigma da terceira geração dos Annales, dizendo que o novo modelo vai contra o elaborado pelos fundadores. Dosse diz que o novo modelo deixa história em migalhas e ,portanto, sem sentido; diz que a história deve ser geral. Essa visão remete a visão positivista, em muitos aspectos contraria ao modelo elaborado pelos fundadores da escola dos Annales.
Apesar das criticas, o modelo historiográfico da terceira geração dos Annales com sua amplitude dos temas, amplitude das fontes e apoio das ciências sociais é de grande relevância para a construção de uma ciência histórica em constante evolução, e não estagnada nos discursos centralizados.


Referências bibliográficas:

CARLOS REIS, J. Escola dos Annales – inovação em História. São Paulo: Paz e terra, 2000
TÉTRAT, PHILIPPE. Pequena História dos Historiadores. São Paulo: EDUSC, 2000
FUNARI, PEDRO PAULO ABREU. Teoria da Historia. São Paulo: Brasiliense 2008
GURIÊVITCH, AARON.A síntese histórica e as escola dos Anais: Perspectiva 2003